Cirurgia Robótica
Apneia do Sono
Obstrução Nasal
Desvio de Septo
Adenoamigdalectomia
Dr. José Eduardo
Marcondes
Cirurgia de Colocação de Tubo de Ventilação
Tratamento das Otites de Repetição e da Otite Média Serosa
O que é a cirurgia de colocação do tubo de ventilação?
A cirurgia de colocação de tubo de ventilação, também conhecida como timpanotomia com inserção de dreno auricular, é um procedimento minimamente invasivo realizado para restabelecer a ventilação adequada do ouvido médio. Este pequeno dispositivo, popularmente chamado de carretel, tubinho, dreno, representa uma das intervenções cirúrgicas mais frequentes na otorrinolaringologia moderna.
Indicações do Procedimento
A inserção do tubo de ventilação é indicada em diferentes situações clínicas, sendo as principais:
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Otite Média com Efusão Persistente: Quando há acúmulo de líquido no ouvido médio que persiste por mais de três meses, mesmo sem infecção ativa. Esta condição pode causar perda auditiva significativa e, em crianças, comprometer o desenvolvimento da fala e linguagem.
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Otites Médias Recorrentes: Pacientes que apresentam episódios frequentes de infecção no ouvido médio, definidos como três ou mais episódios em seis meses ou quatro ou mais episódios em um ano, beneficiam-se do procedimento para prevenir novas infecções.
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Perda Auditiva Condutiva: Quando o acúmulo de secreção no ouvido médio causa diminuição da audição, comprometendo a qualidade de vida do paciente.
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Disfunção da Tuba Auditiva: Em casos onde a tuba auditiva não consegue equalizar adequadamente a pressão entre o ouvido médio e o ambiente externo, resultando em sintomas como sensação de plenitude auricular, zumbidos ou desequilíbrio.
Técnica Cirúrgica
O procedimento cirúrgico é realizado através do canal auditivo externo, utilizando técnica microscópica ou endoscópica. O Dr José Eduardo Marcondes tem preferência pela técnica endoscópica, que é mais moderna e mais rápida. Em adultos, pode ser realizado no consultório médico sob anestesia local, enquanto em crianças geralmente requer anestesia geral em ambiente hospitalar.
Etapas do Procedimento:
1. Preparação: O paciente é posicionado adequadamente e o campo cirúrgico é preparado com antissepsia rigorosa.
2. Visualização: Utiliza-se microscópio cirúrgico ou endoscópio para visualização precisa da membrana timpânica.
3. Miringotomia: Realiza-se uma pequena incisão na membrana timpânica, preferencialmente nos quadrantes anteriores.
4. Drenagem: O líquido acumulado no ouvido médio é aspirado completamente através da incisão.
5. Inserção do Tubo: O tubo de ventilação é cuidadosamente posicionado na incisão timpânica, criando uma comunicação permanente entre o ouvido médio e o canal auditivo externo.
O procedimento tem duração média de 15 minutos por ouvido, e frequentemente pode ser combinado com outros procedimentos, como adenoidectomia ou amigdalectomia, especialmente em crianças.
Tipos de Tubos de Ventilação
Existem basicamente 3 tipos de tubos de ventilação:
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Tubos de Curta Duração: Geralmente permanecem no ouvido por 6 a 12 meses. São menores e têm bordas que facilitam sua expulsão natural quando a membrana timpânica cicatriza. É o tubo mais comumente utilizado.
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Tubos de Média Duração: Tubos de drenagem que tem uma duração intermediaria, podendo permanecer no ouvido por 2 a 3 anos. Raramente são utilizados. São reservados para casos específicos de recidivas ou falhas de tratamento do tubo de curta duração.
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Tubos de Longa Permanência: Podem permanecer por anos ou tempo indeterminado. Possuem bordas maiores que os mantêm fixos na membrana timpânica por períodos prolongados. São utilizados normalmente em altercações permanentes da tuba auditiva como em pacientes com mal formações e aqueles que foram submetidos e cirurgias e/ou radioterapia na região da rinofaringe.
Cuidados Pós-operatórios
Após o procedimento, alguns cuidados específicos são fundamentais:
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Proteção contra água: É essencial evitar a entrada de água nos ouvidos durante todo o período de permanência do tubo. Durante o banho, recomenda-se o uso de algodão embebido em óleo mineral ou vaselina líquida para proteção auricular.
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Atividades aquáticas: Natação em piscinas, mar ou rios deve ser evitada, assim como a prática de mergulho. Quando permitidas , somente depois de algum tempo da cirurgia e com uso de tampão auditivo.
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Medicação: O uso adequado dos medicamentos prescritos, incluindo antibióticos tópicos quando indicados.
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Acompanhamento médico: Consultas regulares são essenciais para monitorar a posição e função do tubo, bem como avaliar a recuperação auditiva.
Complicações Possíveis
Embora seja um procedimento seguro, algumas complicações podem ocorrer:
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Otorréia: É a complicação mais frequente, ocorrendo em aproximadamente 47% dos casos. Manifesta-se como drenagem de secreção através do tubo.
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Obstrução do tubo: Pode ocorrer por acúmulo de cerume ou secreção, comprometendo sua função.
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Perfuração residual: Em 2% a 3% dos casos, pode persistir uma pequena perfuração na membrana timpânica após a saída do tubo.
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Timpanoesclerose: Formação de placas calcárias na membrana timpânica, observada em cerca de 23% dos pacientes.Normalmente não trazem nenhum prejuízo a audição. Constituem um processo cicatricial.
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Migração do tubo: Raramente, o tubo pode migrar para dentro do ouvido médio, necessitando remoção cirúrgica.
Resultados e Benefícios
A colocação de tubos de ventilação oferece benefícios imediatos e significativos:
- Melhora substancial da audição, frequentemente notada logo após o procedimento
- Redução dramática da frequência de infecções auriculares
- Alívio da sensação de plenitude e pressão no ouvido
- Prevenção de complicações auditivas a longo prazo
- Em crianças, melhora do desenvolvimento da fala e linguagem
A cirurgia de colocação de tubo de ventilação representa uma intervenção altamente eficaz para o tratamento de condições do ouvido médio que não respondem ao tratamento conservador. Com técnica adequada e cuidados pós-operatórios apropriados, oferece excelentes resultados funcionais com baixo índice de complicações, proporcionando significativa melhora na qualidade de vida dos pacientes.
